Estava tão (MAS TÃO) ansiosa para assistir Pina que, no dia, quase infartava... Fui tensa, descendo a rua como se uma locomotiva me seguisse, e depois da bilheteria, do banheiro e da fila (quilométrica) lá estava eu, sentada, com aquele óculos bizarro atochado na cara, esperando e suando, para ver a obra que mais aguardei neste ano.
Demorei a escrever sobre o filme (recuso-me a dizer que aquilo foi um documentário, aquilo foi é arte pura e límpida, cor de âmbar), pois demorei a encaixar as emoções de volta a seus lugares depois que o assisti. Enfim, lá se vai mais de mês.
Estava então sentada, ao lado da companheira de empreitadas, Carolina Fortunato, mudas, as duas, embebedadas por tanta magia. Mas era magia demais, que chegava a escorrer pelos olhos. Obviamente não dava para esperar que tudo fosse pura maravilha, mas, excluindo a matraca trica que estava sentada a meu lado (do outro, já que a Carol estava a minha esquerda), tudo foi além.
A cada depoimento, a cada interpretação, a cada leitura (Céus, Café Müller), a cada movimento, a cada face da lua…
Fantástico chega a ser medíocre para descrever.
É VITELA!
E como diria o poeta: Aceita, bailarina, esse pobre sacrifício.
Foi maravilhoso, e o melhor é que não se precisou pensar, nem entender. Ali, com aquele óculos a me pentelhar as paciências, só tive que reclinar e assistir, me embriagar. Era tanto de Pina, com tão pouco dela.
Quem admira, conhece ou só ouviu falar, precisa ver. Quem não conhece também.
É deliciosamente sensacional. Senti cada emoção, no compasso do rolo de filme. Cada nuance, cada reencontro (ah, o reencontro foi um dos meus favoritos).
Assista, e como eu, mate sua vontade de ser um pouquinho brilhante. Depois, ainda como eu, volte à sua realidade e note as diferenças, organize as emoções de volta em seus lugares e tire o casaco. Reduza-se à mais nua humanidade.
Pina Baush desperta o calor e vivacidade das pessoas, ou as expõe, cruas como são. Mesmo agora.
“Dance, dance… senão estamos perdidos”